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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

MPF DETERMINA MUDANÇA NAS EMBALAGENS DE LENTE DE CONTATO



Foto: Divulgação
As lentes de contato chegaram ao mercado para facilitar a vida de quem sofre algum tipo de distúrbio de visão e não deseja fazer uso de óculos. Além de não alterar a estética facial, permite inúmeras facilidades, como liberdade de movimento para prática de esportes e maior campo de visão. Para tanto, há também quem prefira as lentes para mudar a cor dos olhos. Com isso, o uso vem se tornando cada vez mais popular e indiscriminado.

Na tentativa de alertar pessoas que não precisam das lentes, mas querem mudar a cor natural dos olhos aleatoriamente, a partir de novembro, o Ministério Público Federal – MPF e a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, vai orientar todos os fabricantes a colocarem recomendações sobre uso e risco das mesmas nas embalagens. “Vale a pena ressaltar que todas as embalagens de lentes; aquelas para correção da visão ou outras para mudar o visual, deverão vir com as orientações”, afirma a doutora Ana Maria Vieira da Rocha, responsável pela área de lentes de contato do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães de Belo Horizonte.

Recentemente, um estudo feito em Brasília com 210 usuários de lente de contato, mostra que as lentes mal adaptadas não são o único problema. O prazo de validade ou o uso continuo durante a noite pelo fato de dormir com a lente, responde por 45% das complicações, 35% das alergias e 20% das contaminações por manutenção e armazenamento indevido. Apesar de alguns modelos de lentes serem liberados para dormir, é aconselhado que sejam retiradas, pois durante o sono a produção de lagrimas é menor. Quanto às lentes vencidas, a ação nociva aos olhos é ainda maior, pois elas ficam deformadas, aumentando em até 10 vezes a chance de contaminação da córnea.

A preocupação com banalização no uso de lentes, também é uma constante entre os especialistas. “A implantação das informações sobre uso correto na embalagem do produto vai servir de alerta. As pessoas não tomam o devido cuidado e isso é grave, pois fazer uso de lente sem acompanhamento médico é oferecer inúmeros riscos a saúde dos olhos”, pondera Ana Maria Rocha.

Por estética ou necessidade, a realidade é que o uso desses pequenos objetos é cada vez mais comum. Por outro lado, os especialistas ficam cada vez mais em alerta, pois a estimativa da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato – SOBLEC, é que os olhos de 15% das pessoas com vícios de refração – miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia, não tenham condições de usar lentes. O uso inadequado, muitas vezes se dá devido à falta de informação, o que aumenta os riscos de infecção, ressecamento da lágrima, alergia, úlcera na córnea, conjuntivite alérgica e até cegueira.

A determinação do MPF e da ANVISA vai de encontro à facilidade de compra das lentes de contato. Nas circunstâncias atuais a venda facilitada pela internet, farmácias e óticas sem prescrição médica induzem ao uso das lentes, sem nenhum acompanhamento médico. Sendo que a indicação para uso deve sempre ser de um especialista, pois mesmo os olhos saudáveis podem ter problemas se algumas medidas não forem observadas. Para que haja uma adaptação dos olhos com a lente é necessário observar a curvatura e relevo da córnea, a ausência de doenças oculares ou olho seco.

Para o MPF, a ação de cobrar dos fabricantes as informações nas embalagens se deu após um ano de apuração do material comercializado nas principais farmácias do Brasil, pois os fabricantes até enviam as bulas para os estabelecimentos, mas estes não repassam aos clientes. “É evidente a violação ao Código de defesa do Consumidor e à própria regulamentação da ANVISA, que preconiza que essas instruções estejam nas embalagens,” relatou o Procurador da Republica Cláudio Gheventer ao Portal IG.

DICAS:
Todo cuidado é pouco quando falamos de saúde. Para se evitar problemas com a lente de contato, segue algumas dicas de manuseio, manutenção por parte do usuário. Mas vale reforçar que as dicas sozinhas não têm muito efeito. O médico é sempre a melhor opção para ser consultado. Segue alguns dos erros mais comuns no uso de lentes de contato:

1. Adaptação realizada fora dos consultórios médicos: é um procedimento que coloca em risco a saúde dos usuários;

2. Uso de soro fisiológico na manutenção das lentes. O soro não limpa nem retira os depósitos de proteínas das lentes, deixando-as mais sujas, contaminadas e menos confortáveis – podendo, inclusive, causar reações tóxicas devido à presença de preservativos químicos em sua composição;

3. Uso das lentes de contato além do período recomendado pelo médico;

4. O não descarte das lentes de contato dentro do período recomendado pelo fabricante;

5. Desconsiderar sintomas de dor, irritação ou outros sintomas oculares durante o uso de lentes de contato, deixando de procurar o oftalmologista nesses momentos;

6. Descontinuar o uso de lentes de contato em função de dificuldades encontradas e não buscar ajuda médica para tentar superá-las;

7. Não realizar assepsia adequada das mãos e do estojo das lentes;

8. O fato de você fazer tudo errado com as lentes (não limpar corretamente, usar soro fisiológico ou lavar em água de torneira e não descartar como recomendado) e não ter acontecido nada até agora, não significa que não poderá acontecer problemas muito sérios no futuro próximo.  

texto de outubro/2010

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