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Na tentativa de alertar pessoas que não precisam das lentes, mas querem mudar a cor natural dos olhos aleatoriamente, a partir de novembro, o Ministério Público Federal – MPF e a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, vai orientar todos os fabricantes a colocarem recomendações sobre uso e risco das mesmas nas embalagens. “Vale a pena ressaltar que todas as embalagens de lentes; aquelas para correção da visão ou outras para mudar o visual, deverão vir com as orientações”, afirma a doutora Ana Maria Vieira da Rocha, responsável pela área de lentes de contato do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães de Belo Horizonte.
Recentemente,
um estudo feito em Brasília com 210 usuários de lente de contato,
mostra que as lentes mal adaptadas não são o único problema. O
prazo de validade ou o uso continuo durante a noite pelo fato de
dormir com a lente, responde por 45% das complicações, 35% das
alergias e 20% das contaminações por manutenção e armazenamento
indevido. Apesar de alguns modelos de lentes serem liberados para
dormir, é aconselhado que sejam retiradas, pois durante o sono a
produção de lagrimas é menor. Quanto às lentes vencidas, a ação
nociva aos olhos é ainda maior, pois elas ficam deformadas,
aumentando em até 10 vezes a chance de contaminação da córnea.
A
preocupação com banalização no uso de lentes, também é uma
constante entre os especialistas. “A implantação das informações
sobre uso correto na embalagem do produto vai servir de alerta. As
pessoas não tomam o devido cuidado e isso é grave, pois fazer uso
de lente sem acompanhamento médico é oferecer inúmeros riscos a
saúde dos olhos”, pondera Ana Maria Rocha.
Por estética
ou necessidade, a realidade é que o uso desses pequenos objetos é
cada vez mais comum. Por outro lado, os especialistas ficam cada vez
mais em alerta, pois a estimativa da Sociedade Brasileira de Lentes
de Contato – SOBLEC, é que os olhos de 15% das pessoas com vícios
de refração – miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia,
não tenham condições de usar lentes. O uso inadequado, muitas
vezes se dá devido à falta de informação, o que aumenta os riscos
de infecção, ressecamento da lágrima, alergia, úlcera na córnea,
conjuntivite alérgica e até cegueira.
A
determinação do MPF e da ANVISA vai de encontro à facilidade de
compra das lentes de contato. Nas circunstâncias atuais a venda
facilitada pela internet, farmácias e óticas sem prescrição
médica induzem ao uso das lentes, sem nenhum acompanhamento médico.
Sendo que a indicação para uso deve sempre ser de um especialista,
pois mesmo os olhos saudáveis podem ter problemas se algumas medidas
não forem observadas. Para que haja uma adaptação dos olhos com a
lente é necessário observar a curvatura e relevo da córnea, a
ausência de doenças oculares ou olho seco.
Para o MPF,
a ação de cobrar dos fabricantes as informações nas embalagens se
deu após um ano de apuração do material comercializado nas
principais farmácias do Brasil, pois os fabricantes até enviam as
bulas para os estabelecimentos, mas estes não repassam aos clientes.
“É evidente a violação ao Código de defesa do Consumidor e à
própria regulamentação da ANVISA, que preconiza que essas
instruções estejam nas embalagens,” relatou o Procurador da
Republica Cláudio Gheventer ao Portal IG.
DICAS:
Todo cuidado
é pouco quando falamos de saúde. Para se evitar problemas com a
lente de contato, segue algumas dicas de manuseio, manutenção por
parte do usuário. Mas vale reforçar que as dicas sozinhas não têm
muito efeito. O médico é sempre a melhor opção para ser
consultado. Segue alguns dos erros mais comuns no uso de lentes de
contato:
1. Adaptação
realizada fora dos consultórios médicos: é um procedimento que
coloca em risco a saúde dos usuários;
2. Uso de
soro fisiológico na manutenção das lentes. O soro não limpa nem
retira os depósitos de proteínas das lentes, deixando-as mais
sujas, contaminadas e menos confortáveis – podendo, inclusive,
causar reações tóxicas devido à presença de preservativos
químicos em sua composição;
3. Uso das
lentes de contato além do período recomendado pelo médico;
4. O não
descarte das lentes de contato dentro do período recomendado pelo
fabricante;
5.
Desconsiderar sintomas de dor, irritação ou outros sintomas
oculares durante o uso de lentes de contato, deixando de procurar o
oftalmologista nesses momentos;
6.
Descontinuar o uso de lentes de contato em função de dificuldades
encontradas e não buscar ajuda médica para tentar superá-las;
7. Não
realizar assepsia adequada das mãos e do estojo das lentes;
8. O fato de
você fazer tudo errado com as lentes (não limpar corretamente, usar
soro fisiológico ou lavar em água de torneira e não descartar como
recomendado) e não ter acontecido nada até agora, não significa
que não poderá acontecer problemas muito sérios no futuro
próximo.
texto de outubro/2010
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